O que se sabe sobre execução de ex-delegado uma semana após crime

Após uma semana da execução do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, assassinado a tiros na noite de segunda-feira (15), na cidade de Praia Grandre, litoral de São Paulo, a CNN separou os pricipais pontos do caso que mobiliza as forças de segurança do estado para identificar e prender os envolvidos no crime. 

Ruy Ferraz Fontes ocupava atualmente o cargo de secretário de Administração da Prefeitura da cidade litorânea e tinha mais de 40 anos de carreira na Polícia Civil de São Paulo, da qual estava licenciado. Além disso, foi considerado um dos principais inimigos do PCC (Primeiro Comando da Capital) e chegou a ser jurado de morte pela facção.

Por isso, uma das linhas de investigação do caso é de que a morte de Ruy teria sido uma espécie de “vingança”. Para o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, “não resta dúvida de que o PCC está envolvido” no crime.

1 – Sete envolvidos em execução

A Justiça já decretou a prisão de sete pessoas que são tidas como envolvidas na execução de Fontes. Na manhã de sábado (20) ocorreu a determinação para detenção do sétimo suspeito. De acordo com apuração da CNN, o homem foi identificado como William Silva Marques.

Outros cinco homens e uma mulher tiveram as identidades reveladas.

Além de Willian, as outras seis pessoas são: Flavio Henrique Ferreira de Souza, Felipe Avelino da Silva, Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, Luiz Henrique Santos Batista, Rafael Marcell Dias Simões e Dahesly Oliveira Pires. 

Os nomes e a participação de cada um foram divulgados em coletiva da SSP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo, realizada na semana passada.

2- Três presos

Além de Dahesly Oliveira Pires, estão presos Rafael Marcell Dias Simões, de 42 anosdetido na manhã de sábado (20) em São Vicente, e Luiz Henrique Santos Batista – o “Fofão” – preso na sexta-feira (19).

3 – “Quem é quem” no assassinato

Executores

Durante a coletiva, a pasta informou que Flavio Henrique Ferreira de Souza e Felipe Avelino da Silva, conhecido como “Mascherano” no PCC, são investigados pela execução de Ruy Ferraz. De acordo com informações, “Mascherano” atua na facção como “Disciplina”.

Flávio Henrique Ferreira de Souza, apontado como um dos executores do crime • Reprodução/CNN
Flávio Henrique Ferreira de Souza, apontado como um dos executores do crime • Reprodução/CNN

Um dos suspeitos tem vasto histórico criminal. Ainda de acordo com a polícia, a ação demonstrou conhecimento tático, com armamento pesado e carro de fuga incendiado.

Felipe Avelino da Silva, o “Mascherano”, suspeito de executar os disparos contra o ex-delegado • Reprodução/CNN
Felipe Avelino da Silva, o “Mascherano”, suspeito de executar os disparos contra o ex-delegado • Reprodução/CNN

Mulher presa

Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, está presa no 6º DP (Cambuci), desde quinta-feira (18), suspeita de ter transportado o fuzil utilizado no crime, em uma sacola para um homem no ABC Paulista.

Dahesly Oliveira Pires, acusada de transportar um fuzil usado no crime. Disse ter recebido pagamento via Pix • Reprodução/CNN
Dahesly Oliveira Pires, acusada de transportar um fuzil usado no crime. Disse ter recebido pagamento via Pix • Reprodução/CNN

Ela já havia sido levada ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no Centro da cidade, para prestar depoimento à polícia na tarde de quarta-feira (17). Pouco depois, a polícia pediu a prisão temporária, que foi decretada pela Justiça de São Paulo.

Segundo apuração da CNN, Dahesly possui passagem criminal por tráfico de drogas. Durante depoimento, ela teria dito que não sabia o que trazia dentro da sacola, o que não convenceu a polícia.

Quarto suspeito

No mesmo dia da prisão de Dahesley, Luiz Antônio Rodrigues de Miranda teve a prisão temporária decretada por envolvimento no transporte da arma de fogo. O homem também é suspeito de ter dirigido anteriormente o carro que foi utilizado na execução do ex-delegado. 

Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, apontado por organizar o transporte do armamento • Reprodução/CNN
Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, apontado por organizar o transporte do armamento • Reprodução/CNN

De acordo com o documento judicial, a mulher presa disse ter recebido pagamento via Pix para realizar o transporte das armas, valor transferido de uma conta em nome de uma criança de 10 anos, filho de Luiz Antônio.

A Justiça considerou a prisão necessária para evitar fugas e garantir a continuidade das investigações. A medida tem prazo inicial de 30 dias.

“Fofão”, integrante do PCC

O traficante Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como “Fofão”, integrante do PCC, foi detido na sexta-feira (19) no litoral paulista, sob suspeita de participar da logística do crime.

Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como "Fofão", traficante membro do PCC suspeito de envolvimento na logística do crime • Reprodução/CNN
Luiz Henrique Santos Batista, conhecido como “Fofão”, traficante membro do PCC suspeito de envolvimento na logística do crime • Reprodução/CNN

Embora “Fofão” não seja apontado como executor direto, ele teria conhecimento de todo o plano criminoso.

Sexto envolvido

A Polícia Civil de São Paulo identificou Rafael Marcell Dias Simões, de 42 anos, como o sexto envolvido no assassinato do ex-delegado. Segundo a SSP, ele atua em uma facção criminosa na Baixada Santista.

Rafael Marcell Dias Simões • Reprodução/CNN
Rafael Marcell Dias Simões • Reprodução/CNN

Rafael foi preso na madrugada deste sábado (20).

Sétimo identificado

William Silva Marques seria dono do imóvel localizado em Praia Grande e utilizado pelos criminosos. Foi neste endereço que a suspeita identificada como Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, uma das três pessoas presas por envolvimento no crime, teria buscado o fuzil utilizado no assassinato e trazido para a capital.

Em nota à CNN, a defesa de William Silva Marques informou que ele colabora com a justiça e tinha marcado um depoimento e que foi cancelado pela Polícia Civil na quinta-feira (18).

Ainda segundo o advogado Johnny Fernandes, a defesa tentar remarcar o depoimento e William segue à disposição da investigação para esclarecimentos. A nota também se solidariza com a família e amigos pela morte do ex-delegado-geral de São Paulo.

4 – Combate ao PCC e “vingança”

De acordo com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o crime organizado participou da execução e a motivação pode estar ligada ao cargo de Fontes na prefeitura ou à sua atuação contra a facção.

O secretário-executivo da Segurança Pública de São Paulo, Osvaldo Nico, confirmou que Fontes estava “sendo procurado, caçado”. O crime foi descrito como “covarde” e “bárbaro” pelo governador Tarcísio de Freitas e pelo promotor Lincoln Gakiya, respectivamente.

Gakiya mencionou que Ruy Fontes estava “jurado de morte desde 2006” e que, se o envolvimento do crime organizado for confirmado, o caso seria uma “crônica de uma morte anunciada”.

Quem era Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado inimigo do PCC executado em SP

Fontes era considerado um dos principais inimigos do Primeiro Comando da Capital (PCC), tendo sido pioneiro no mapeamento da facção e responsável por indiciar sua cúpula, incluindo Marcola, em 2006.

Ele já havia expressado preocupação com sua segurança após um assalto em 2023, dizendo: “Eu combati esses caras durante tantos anos e agora os bandidos sabem onde moro”.

5 – Relembre a morte do ex-delegado

Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo e então secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande, foi assassinado na noite de segunda-feira (15), em uma emboscada.

O crime ocorreu após uma perseguição em alta velocidade, onde seu veículo colidiu com um ônibus na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas. Os criminosos desceram e efetuaram mais de 20 disparos de fuzil contra ele dentro do carro capotado.

Após a execução, os carros utilizados pelos criminosos, que eram roubados, foram abandonados e um deles incendiado na tentativa de apagar vestígios.

A análise inicial da ação criminosa revela um planejamento meticuloso e o conhecimento técnico dos executores, que perseguiram Fontes antes de desferir mais de 20 tiros de fuzil.

Um deles, com um fuzil em punho, manteve-se em “contenção”, uma tática de vigilância que demonstra conhecimento de combate para evitar surpresas.

 

*Sob supervisão de Thiago Félix

FONTE

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