Trump quer que farmacêuticas elevem preços no exterior para reduzir nos EUA

O presidente Donald Trump quer que as farmacêuticas reduzam seus preços nos Estados Unidos — e para isso pretende pressioná-las a aumentar os preços em outros países para compensar o impacto em seus lucros, afirmou o Secretário do Comércio Howard Lutnick na sexta-feira (12).

“O presidente vai dizer aos fabricantes de medicamentos que eles não poderão vender aqui a menos que vendam lá fora a um preço mais alto. Parem de aceitar vender para eles a um preço tão baixo”, disse Lutnick na sexta-feira no programa “The Axios Show.”

As declarações de Lutnick são as mais recentes de uma série de pronunciamentos da administração Trump visando pressionar as empresas farmacêuticas a reduzirem os preços dos medicamentos para os americanos.

O principal esforço do presidente concentra-se em fazer com que as farmacêuticas ofereçam o mesmo preço nos EUA que praticam na Europa e em outros países similares, o chamado preço de “Nação Mais Favorecida”.

Trump tem repetidamente afirmado que os pacientes americanos estão subsidiando seus equivalentes em outros países. Em 2022, os americanos pagaram quase três vezes mais por medicamentos do que pessoas em países comparáveis.

No entanto, especialistas questionam a autoridade de Trump para ditar preços de medicamentos em outros países ou forçar empresas a venderem a determinados preços nos EUA. Qualquer determinação nesse sentido provavelmente enfrentaria ações judiciais.

Preços de “Nação Mais Favorecida”

Trump tentou impor o sistema de preços de “Nação Mais Favorecida” à indústria farmacêutica próximo ao fim de seu primeiro mandato, finalizando uma regra para um programa modelo no qual o Medicare pagaria esse preço por 50 medicamentos administrados em consultórios médicos.

Mas a iniciativa foi rapidamente bloqueada na justiça por motivos processuais e posteriormente revogada pela administração Biden.

Em maio, ele retomou o esforço com uma ordem executiva que advertia os fabricantes de medicamentos a oferecerem aos pacientes americanos o menor preço pago por um medicamento em um país similar ou enfrentar represálias.

Na ocasião, ele criticou a União Europeia por forçar as farmacêuticas a fornecerem seus produtos a preços baixos, dizendo: “o jogo acabou, desculpe.”

Insatisfeito com os resultados das negociações subsequentes entre a indústria e sua administração, Trump escreveu cartas no final de julho para 17 importantes CEOs do setor farmacêutico.

Nas cartas, Trump exigiu que os fabricantes estendessem os preços de “Nação Mais Favorecida” a todos os medicamentos fornecidos aos beneficiários do Medicaid e demandou que as empresas garantissem que Medicaid, Medicare e seguradoras do mercado comercial paguem tais preços para todos os novos medicamentos.

Além disso, ele pressionou as farmacêuticas a venderem certos medicamentos diretamente aos consumidores com preços de “Nação Mais Favorecida”, eliminando outros participantes da cadeia de suprimentos que podem manter os custos elevados.

Sua campanha de pressão ainda não produziu resultados significativos nos Estados Unidos. Mesmo assim, Trump promete impor tarifas sobre importações farmacêuticas, particularmente sobre medicamentos de marca mais caros.

Alguns especialistas do setor afirmaram que é mais provável que as farmacêuticas aumentem os preços em outros países do que os reduzam nos EUA.

No mês passado, a Eli Lilly anunciou que aumentaria o preço de seu medicamento para perda de peso Mounjaro no Reino Unido para poder reduzir seu custo nos Estados Unidos.

“Este reequilíbrio pode ser difícil, mas significa que os preços dos medicamentos pagos pelos governos e sistemas de saúde precisam aumentar em outros mercados desenvolvidos, como a Europa, para que possam ser reduzidos nos EUA”, disse a empresa em comunicado na ocasião.

A CNN entrou em contato com a Comissão Europeia e a Pharmaceutical Research and Manufacturers of America, principal associação comercial do setor, para comentários.

A PhRMA elogiou Trump no passado por pressionar governos estrangeiros a pagarem sua “parte justa pelos medicamentos. Os pacientes americanos não deveriam arcar com a conta da inovação global”.

Mas também alertou que forçar as farmacêuticas a venderem seus produtos a preços de “Nação Mais Favorecida” nos EUA prejudicaria o investimento em pesquisa.

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