Rússia e Belarus iniciaram um grande exercício militar conjunto em regiões de fronteiras com a Otan nesta sexta-feira (12), em um momento de tensão crescente com a aliança ocidental, dois dias após a Polônia abater drones russos que cruzaram o espaço aéreo do país.
O exercício “Zapad-2025”, uma demonstração de força da Rússia e de sua aliada Bielorrússia, está ocorrendo em campos de treinamento em ambos os países, inclusive perto da fronteira com a Polônia.
O exercício foi programado bem antes do caso com os drones, que marcou a primeira vez conhecida em que um membro da OTAN disparou contra alvos russos ao longo da guerra de três anos e meio.
O que os exercícios envolverão?
O Ministério da Defesa da Rússia informou que, na primeira fase do exercício, as tropas simularão a repulsão de um ataque contra a Rússia e a Bielorrússia, cuja aliança é conhecida como Estado da União.
A segunda fase se concentrará em “restaurar a integridade territorial do Estado da União e esmagar o inimigo, inclusive com a participação de um grupo de forças de coalizão de Estados amigos”, explicou o ministério.
A Bielorrússia faz fronteira com três membros da Otan — Polônia, Lituânia e Letônia — a oeste, e com a Ucrânia ao sul.
O governo russo afirmou nesta sexta-feira (12) que as preocupações europeias com os exercícios eram uma resposta emocional baseada na hostilidade em relação à Rússia.
O Kremlin se recusou a comentar o incidente com o drone desta semana, que foi visto no Ocidente como um alerta para a Otan e um teste para suas respostas.
Os países ocidentais classificaram o episódio com o drone como uma provocação deliberada da Rússia, o que Moscou negou.
O Ministério da Defesa russo afirmou que seus dispositivos realizaram um ataque no oeste da Ucrânia na época, mas não planejavam atingir nenhum alvo na Polônia.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a incursão do drone russo pode ter sido um erro. “Não estou feliz com nada que tenha a ver com toda a situação, mas espero que isso acabe”, declarou ele a repórteres na quinta-feira (11).
Polônia em alerta máximo
Mesmo antes do incidente, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, descreveu as próximas manobras “Zapad” como “muito agressivas” e anunciou que a Polônia fecharia a fronteira com a Belarus à meia-noite de quinta-feira (11).
O vice-ministro da Defesa polonês, Cezary Tomczyk, afirmou que a Polônia vinha se preparando há muitos meses e estava realizando seus próprios exercícios, com o codinome “Defensor de Ferro”.
“Há cerca de 30 mil soldados no exercício Defensor de Ferro e cerca de 5 mil na fronteira” com a Bielorrússia, disse Tomczyk em resposta a perguntas da agência de notícias Reuters.
A Lituânia também afirmou que está protegendo a própria fronteira devido ao exercício militar.
O major-general Pavel Muraveiko, chefe do Estado-Maior de Belarus, afirmou que todos os exercícios seriam realizados a uma “distância significativa” das fronteiras com os membros da Otan e a Ucrânia.
Segundo ele, os exercícios incluiriam drones, guerra eletrônica e o uso de inteligência artificial para apoiar a tomada de decisões.
Os últimos exercícios Zapad ocorreram em setembro de 2021, cinco meses antes da invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia, em parte lançada a partir do território bielorrusso.
O líder bielorrusso Alexander Lukashenko é um aliado próximo do presidente russo Vladimir Putin e o apoiou durante toda a guerra, embora sem comprometer suas próprias tropas no conflito.
Desde o início, Belarus permitiu que a Rússia estacionasse mísseis nucleares táticos em seu território e está se preparando para receber o novo míssil hipersônico Oreshnik de Moscou.
Lukashenko está simultaneamente tentando restaurar as relações com os Estados Unidos após anos de sanções americanas e da União Europeia.
Na quinta-feira, ele libertou 52 prisioneiros a pedido do presidente Donald Trump e disse que apoiou o americano nos esforços deste último para resolver uma série de conflitos internacionais.