O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, disse aos marinheiros e fuzileiros navais em um navio de guerra ao largo de Porto Rico, nesta segunda-feira (8), que eles não foram enviados ao Caribe para treinamento, mas sim para a “linha de frente” de uma missão crítica de combate ao narcotráfico.
Os comentários de Hegseth foram feitos durante uma visita surpresa, juntamente com o principal general dos EUA, a Porto Rico, em meio à escalada das tensões com a Venezuela, que o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, acusa de traficar narcóticos para os Estados Unidos. Caracas nega essas alegações.
“O que vocês estão fazendo agora não é treinamento”, disse Hegseth a bordo do navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima, em vídeo publicado pelo Pentágono no X.
“Este é o exercício do mundo real em nome dos interesses nacionais vitais dos Estados Unidos da América para acabar com o envenenamento do povo norte-americano.”
AMERICA FIRST 🇺🇸 pic.twitter.com/yk3Xjl3bJs
— Department of War 🇺🇸 (@DeptofWar) September 8, 2025
Trump ordenou que o Departamento de Defesa seja renomeado como Departamento de Guerra, uma mudança que exigirá ação do Congresso. O novo nome também se aplicaria a Hegseth, alterando seu título para “secretário de Guerra”.
O USS Iwo Jima estava posicionado na costa de Porto Rico, um território dos EUA localizado ao norte da Venezuela, no Caribe, onde Hegseth e o chefe do Estado-Maior Conjunto, Dan Caine, estiveram mais cedo.
A governadora de Porto Rico, Jenniffer González, os cumprimentou quando chegaram à ilha.
“Agradecemos ao presidente Trump e seu governo por reconhecerem o valor estratégico que Porto Rico tem para a segurança nacional dos Estados Unidos e a luta contra os cartéis de drogas em nosso hemisfério, perpetuados pelo narcoditador Nicolás Maduro”, escreveu González, uma republicana, no X.
Trump há muito tempo acusa o presidente venezuelano Nicolás Maduro de narcotráfico, alegações que Caracas sempre negou.
Mobilização militar no Caribe
O governo Trump ordenou o envio de 10 caças F-35 para um campo de pouso em Porto Rico para realizar operações contra cartéis de drogas, disseram fontes à Reuters na sexta-feira.
Esse destacamento se soma a uma presença militar dos EUA já bastante intensa no sul do Caribe, que, segundo o governo Trump, cumpre uma promessa de campanha de reprimir os grupos que canalizam drogas para os Estados Unidos.
Na semana passada, um ataque militar dos EUA no Caribe matou 11 pessoas e afundou uma embarcação da Venezuela que, segundo Trump, estava transportando drogas ilegais.
Membros do Congresso dos EUA pediram a justificativa legal para o ataque, observando que o governo ainda não disse como sabia quem estava no barco ou o que ele estava transportando.
As autoridades do governo haviam concordado em fornecer um briefing confidencial para a equipe do Congresso na sexta-feira, mas a reunião foi abruptamente remarcada para terça-feira.
“Não há nenhuma maneira de dizer que o que quer que estivesse nesse barco representava qualquer tipo de ameaça iminente aos Estados Unidos no sentido militar da palavra”, disse o deputado Adam Smith, de Washington, o principal democrata do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Deputados.
“Vamos usar os militares dos Estados Unidos para entrar em uma guerra contra traficantes de drogas e quais são as consequências disso?”, questionou Smith em reunião do comitê de regras sobre um projeto de lei anual de política de defesa.
Venezuela critica movimentação dos EUA
As autoridades venezuelanas também criticaram as ações do governo Trump.
“Como pode haver um cartel de drogas se não há drogas aqui?”, disse a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, nesta segunda-feira, fazendo referência aos números que, segundo ela, mostram que a Venezuela não produz cocaína e que a droga é em grande parte contrabandeada por meio de rotas no Pacífico. “Eles precisam consertar seu GPS.”
O Oceano Pacífico é uma rota maior do que o Caribe para o tráfico marítimo de cocaína, disse o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime em seu Relatório Global sobre Cocaína 2023.
A ditadura de Nicolás Maduro acusou o governo Trump de usar inteligência artificial em vídeo postado sobre o ataque e Maduro alegou que os militares dos EUA estão esperando tirá-lo do poder.
Na semana passada, Trump minimizou as especulações de que estaria buscando uma mudança de regime na Venezuela.
O Pentágono acusou a Venezuela de um voo “altamente provocativo” na quinta-feira por caças perto de um navio de guerra da Marinha dos EUA. O governo venezuelano não se pronunciou.
Os fuzileiros navais e marinheiros dos EUA estão realizando treinamento anfíbio e exercícios de voo na parte sul de Porto Rico.