A médica Roberta Saretta, que acompanhou Preta Gil desde o início do tratamento contra o câncer, contou, em entrevista ao O Globo, como foram os momentos finais da artista. Coordenadora da equipe do cardiologista Roberto Kalil, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, Saretta esteve presente em diversas fases da luta da cantora, incluindo a tentativa de retorno dos Estados Unidos ao Brasil, interrompida pela morte da artista.
Segundo a médica, Preta estava determinada a voltar para casa. “Ela queria, com todas as forças, chegar no Brasil”, afirmou. No dia da viagem, a cantora parecia estável: “índices normais, pressão, eletro, tudo”. Durante o trajeto de mais de uma hora até o aeroporto de Long Island, Saretta manteve contato constante. “Eu repetia que a levaria para casa. Ela foi acordada o tempo todo.”
Ao chegar, no entanto, o quadro mudou. “Ela passou mal, vomitou. ‘Estamos quase lá’, eu falei. ‘Preta, você dá conta de viajar? Segura mais um pouco?’. E ouvi a resposta: ‘Não dou conta’.” A médica pediu então para levarem a paciente ao hospital mais próximo. “Chegamos em oito minutos. Quiseram reanimá-la, mas poucos minutos depois ela se foi.”

A confecção do busto de Preta Gil é da empresa RVF América e foi feita em tempo recorde
Folhapress | 12:24 – 06/08/2025
Roberta relatou que esteve ao lado da família Gil desde 2016, quando tratou de Gilberto Gil. O vínculo criado aproximou-a também de Preta. O diagnóstico de câncer veio em janeiro de 2023, após um sangramento intestinal. A cantora iniciou quimioterapia no Rio, mas respondeu mal e foi convencida pela médica a fazer exames no Sírio-Libanês.
A doença entrou em remissão por um ano, mas exames posteriores revelaram metástases. Em busca de novas alternativas, Preta foi para os Estados Unidos tentar um tratamento experimental na Virgínia. Apesar de uma resposta inicial, complicações renais e infecções levaram à interrupção do protocolo.

Cada familiar ou amigo receberá uma pequena parte, como um gesto simbólico em homenagem à artista
Folhapress | 12:30 – 05/08/2025
A médica contou que, durante toda a luta, Preta manteve o espírito festivo. O quarto no hospital era constantemente visitado por amigos e familiares, com episódios marcantes, como a visita surpresa de Ivete Sangalo após um show. “Ela sempre foi muito feliz, festiva. Reclamar, só vi uma vez, e foi de cansaço”, disse.
Após a morte, Saretta e amigos decidiram celebrar a vida da artista enquanto aguardavam a liberação do corpo nos EUA. Foram ao restaurante Balthazar, em Nova York, onde Preta havia estado com a madrasta, Flora, duas semanas antes. Pediram o prato favorito dela, macarrão com lagosta e champanhe. “Ela viveu intensamente cada segundo até o fim”, afirmou a médica.
Preta Gil completaria 51 anos em 8 de agosto de 2024. Para Roberta Saretta, a cantora lutou pela vida “com muito amor até os últimos minutos antes de morrer”.