Operação contra o PCC é a maior da história brasileira, diz Lewandowski

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou em coletiva de imprensa que foi realizada uma das maiores operações da história contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), nesta quinta-feira (28).

Nesta manhã, foram deflagradas três operações contra o avanço do crime organizado no setor de combustíveis: a Polícia Federal coordenou as operações Quasar e Tank, enquanto o Ministério Público de São Paulo coordenou a Operação Carbono Oculto. As ações contaram com milhares de agentes de órgãos de segurança em diversos estados brasileiros, em operações simultâneas contra a facção criminosa e a ligação com o setor financeiro.

Lewandowski disse que a migração do crime organizado para a legalidade é um fenômeno não apenas nacional, mas global. “Para combater não basta apenas uma operação. É preciso uma atividade integrada de todos os órgãos, sobretudo aqueles que trabalham com inteligência”.

O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, também destacou à CNN  que as operações contra o crime organizado são as maiores da história em termos de volume. Ele explicou que as organizações criminosas atacam mais de R$ 70 bilhões.

Operação Carbono Oculto

A ação coordenada pelo Ministério Público de São Paulo reuniu cerca de 1.400 agentes para o cumprimento de 350 alvos, entre pessoas físicas e jurídicas, nos estados de São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro e Santa Catarina.

Segundo a investigação, o esquema criminoso, que tem participação do PCC, lesou não apenas consumidores que abastecem seus veículos, mas “toda uma cadeia econômica”. A investigação aponta um valor de R$ 7,6 bilhões somente em sonegação de tributos por meio do esquema.

Cerca de 1.000 postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Uma fintech que atuava como banco paralelo da organização, por exemplo, movimentou sozinha R$ 46 bilhões não rastreáveis no período.

A CNN teve acesso à decisão judicial que autorizou a operação. Segundo apontado pelo MPSP, a organização criminosa era liderada por Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como “Beto Louco”, e Mohamad Hussein Mourad. O órgão afirma que a organização atua com “divisão específica de tarefas, mantendo separação entre a gestão operacional das usinas e a gestão financeira/patrimonial, utilizando fundos de investimento e empresas de participações para ocultar a origem e destino dos recursos ilícitos”.

Conforme o MPSP, o PCC está associado a uma rede de organizações criminosas, cujos vínculos são estabelecidos de forma permanente ou eventual, e convergente, de modo a assegurar a efetividade das atividades econômicas ilícitas, por meio da sua inserção na economia formal, como é o setor de combustível e o sistema financeiro.

Operação Quasar

A operação Quasar tem o objetivo de desarticular esquemas de lavagem de dinheiro, com impacto financeiro e envolvimento de organizações criminosas. Mandados foram cumpridos na Avenida Faria Lima, principal centro comercial do país, que fica na capital paulista.

A ação da PF mira gestão fraudulenta de instituições financeiras. A investigação identificou um esquema sofisticado que utilizava fundos de investimento para ocultar patrimônio de origem ilícita, com indícios de ligação com facções criminosas.

Segundo a PF, a estrutura criminosa operava por meio de múltiplas camadas societárias e financeiras, nas quais fundos de investimento detinham participação em outros fundos ou empresas. Essa teia complexa dificultava a identificação dos verdadeiros beneficiários e tinha como principal finalidade a blindagem patrimonial e a ocultação da origem dos recursos.

Entre as estratégias utilizadas estavam transações simuladas de compra e venda de ativos — como imóveis e títulos — entre empresas do mesmo grupo, sem propósito econômico real.

Os agentes buscavam o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A Justiça Federal autorizou o sequestro integral de fundos de investimento utilizados para movimentação ilícita, além do bloqueio de bens e valores até o limite de cerca de R$ 1,2 bilhão, valor correspondente às autuações fiscais já realizadas. Também foi determinado o afastamento dos sigilos bancário e fiscal de pessoas físicas e jurídicas envolvidas.

Operação Tank

Batizada de “Tank”, a outra operação simultânea da Polícia Federal bsucava desmantelar uma das maiores redes de lavagem de dinheiro já identificadas no estado do Paraná. Estão sendo cumpridos 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

A operação também conseguiu bloqueio de valores de 41 pessoas físicas e 255 jurídicas, totalizando uma constrição patrimonial superior a R$ 1 bilhão.

A PF diz que o grupo criminoso atuava desde 2019 e é suspeito de ter lavado pelo menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede composta por centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.

A estrutura criminosa utilizava diversas táticas para ocultar a origem dos recursos, como depósitos fracionados em espécie (que ultrapassaram R$ 594 milhões), uso de “laranjas”, transações cruzadas, repasses sem lastro fiscal, fraudes contábeis e simulação de aquisição de bens e serviços.

Além disso, o grupo é suspeito de se valer de brechas no Sistema Financeiro Nacional para realizar transações de forma anônima por meio de instituições de pagamento.

As investigações também revelaram práticas de fraude na comercialização de combustíveis, como adulteração de gasolina e a chamada “bomba baixa”, em que o volume abastecido é inferior ao indicado. Pelo menos 46 postos de combustíveis em Curitiba/PR estavam envolvidos nessas práticas.

FONTE

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *