O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi substituído pelo Bus Rapid Transit (BRT) pelo Governo do Estado de Mato Grosso no ano passado. O modal era uma das obras para a Copa do Mundo de 2014, sediada na Capital de todos os mato-grossenses. À época, o contrato Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ficou em R$ 1,47 bilhão.
Da obra prevista para cobrir 22 km, com ligação entre Cuiabá e Várzea Grande, apenas 6 km foram concluídos. Desde então, os trechos ficaram abandonados pelas duas cidades, e com um transito caótico, prejudicando as duas maiores cidades de Mato Grosso. De acordo com o Governo do Estado, era inviável dar continuidade na obra após avaliação de estudos técnicos. A justificativa, ainda conforme o Executivo, considerou o modelo BRT por ser mais econômico para a finalização das obras.
Nos últimos anos, em razão dos incentivos governamentais e dos eventos internacionais que o Brasil sediou, como Copa do Mundo, Olimpíadas e Paralimpíadas, ocorreu a ampliação da discussão acerca dos melhores modais para a mobilidade urbana nas grandes cidades.
Diversas foram as propostas de projetos de mobilidade apresentados no Brasil. Entretanto, dois modelos de transporte coletivo urbano acabaram por centralizar a discussão em torno da melhor solução para a enorme demanda de transporte coletivo: o Bus Rapid Transit (BRT) e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
– Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) – O VLT é uma composição ferroviária com trilhos de superfície que precisa de energia elétrica. Trata-se de um sistema de transporte que atende a oferta de transporte existente entre o ônibus e o metrô subterrâneo.
– Bus Rapid Transit (BRT) – é um termo utilizado para sistemas de transporte urbano com ônibus, que são alvo de consideráveis melhorias na infraestrutura, nos veículos e nas medidas operacionais que resultam em uma qualidade de serviço mais atrativa. Pode ser compreendido como um ônibus de grande capacidade que opera em faixas segregadas na superfície.
Em um projeto de implantação de qualquer um dos modais analisados, faz-se necessário levar em conta aspectos relacionados com o uso do solo e planejamento. Além disso, é preciso analisar criteriosamente fatores como custo, velocidade de implantação, capacidade de transporte e impacto ao meio ambiente.
A escolha de um modo de transporte é uma das decisões mais importantes no planejamento da infraestrutura urbana. O tipo de modal escolhido afeta diretamente a vida cotidiana das pessoas e as atividades produtivas do centro urbano.
Mais um capítulo da novela VLT x BRT
Em dezembro de 2020, o governador Mauro Mendes (UB) anunciou o abandono das obras do VLT para implementar o BRT, enterrando mais de R$ 1 bilhão já gasto, desde 2014, além das composições e mais de 50% da obra executada. Para tanto, o gestor aceitou pagar mais de R$ 560 milhões de financiamento junto a Caixa Econômica e lançou novo edital, de R$ 480 milhões, para implantar BRT.
Já em maio de 2022, o Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu todos procedimentos administrativos para a troca do Veículo Leve sob Trilhos (VLT) para o Bus Rapid Transit (BRT). A cautelar foi assinada pelo ministro Aroldo Cedraz, e acatou pedido do Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).
O projeto nasceu em 2009 e integrava a chamada Matriz de Responsabilidades, compromisso que as cidades-sede assumiram para ter a Copa do Mundo de 2014 em seu território. O sistema de transportes seria um legado da Copa do Mundo para o Estado de Mato Grosso. Seria, mas…
A proposta inicial era de um corredor de Bus Rapid Transit (BRT), mas evoluiu em 2011 para uma solução supostamente mais avançada, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que potencialmente poderia ser mais silencioso e ambientalmente mais amigável. Trilhos foram implantados em parte do traçado, composições foram adquiridas da fabricante espanhola CAF, um pátio de manobras foi instalado em Várzea Grande e várias viagens de teste foram realizadas.
Mas.., depois de um investimento de mais de R$ 1 bilhão de reais, em 2013, ante denúncias de irregularidades, a obra foi embargada pela Justiça e segue paralisada até hoje em uma polêmica que divide as lideranças políticas da região. O governador Mauro Mendes, defendeu o abandono dos trilhos urbanos e concluiu a licitação para a construção de um corredor BRT, enquanto o Prefeito de Cuiabá, o emedebista Emanuel Pinheiro, quer dar continuidade das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), e com isso vem percorrendo todos os dias os corredores palacianos em busca de dinheiro para o termino do VLT Cuiabano, assim chamado por ele.
Aliado em favor do BRT
O Governo do Estado de Mato Grosso ganhou um importante aliado nesta semana, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (AL/MT), José Eduardo Botelho (UB), e que também é pré-candidato à Prefeitura de Cuiabá, mostrou sua preferência pelo Bus Rapid Transit (BRT) em detrimento do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT).
Destaca a necessidade de avanço em projetos tangíveis que atendam às demandas da população cuiabana, e reflitam efetivamente no desenvolvimento urbano da cidade, o parlamentar estadual Eduardo Botelho, diz que o BRT está mais avançado e seria uma escolha mais coerente para a capital mato-grossense, e defendeu a entrega de um desses modais para a população cuiabana, e mostrou ser contrário ao VLT, mas o classificou como algo “fictício”, afirmando que ainda não há nada real e concreto relacionado a esse modal.
Em sua preferência declarada pelo BRT, que já se encontra em estágio mais avançado, indica uma postura de priorização de projetos que possam ser concretizados em um futuro próximo. A discussão sobre o VLT e BRT continua a ser um tema central nas conversas sobre o desenvolvimento urbano em Cuiabá, e as declarações do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso (AL/MT), contribuem para a deliberação e tomada de decisões em relação a esses importantes projetos de mobilidade.