Tarifaço: senador diz querer separar agenda econômica da política nos EUA

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou nesta segunda-feira (28) que a comitiva brasileira busca separar as discussões econômicas das questões políticas nas conversas com autoridades e empresários nos Estados Unidos.

A declaração foi dada em entrevista coletiva após reunião na Câmara de Comércio dos EUA, em Washington, sobre a tarifa de 50% imposta aos produtos brasileiros pelo presidente Donald Trump.

“Está na mesa. Isso já foi proposto. Nós colocamos a ideia assim: queremos separar a agenda econômica da agenda política. Deixamos claro para a Câmara de Comércio, o pedido da manifestação pública foi meu. Da seguinte forma: as corporações, as empresas que têm negócio com o Brasil, se manifestarem pelo adiamento pelos prejuízos que isso vai causar aos dois países”, declarou Viana.

“Essa questão econômica está prevista nesse manifesto. Eles vão dividir conosco o texto para que a gente possa fazer conjuntamente. A outra questão política, nós também solicitamos, o líder de governo [Jaques Wagner] que está aqui já se propor que a Câmara possa intermediar um encontro entre os dois presidentes o mais rápido possível”, completou Viana.

O encontro, que aconteceu próximo à Casa Branca, marca o primeiro compromisso da agenda dos parlamentares brasileiros com representantes norte-americanos.

A comitiva do Brasil iniciou suas atividades na residência da embaixadora Maria Luisa Viotti, em Washington.

O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), informou que o grupo se encontraria com senadores dos EUA, incluindo representantes tanto do partido Democrata, quanto do Republicano.

De acordo com Trad, o principal objetivo da missão é amenizar as tensões nas relações entre Brasil e Estados Unidos por meio do diálogo. A comitiva busca estabelecer canais de comunicação que possam contribuir para a resolução das questões comerciais entre os dois países.

“Essa preparação é fundamental para garantir uma atuação coesa, institucional e estratégica em nome do Brasil”, afirmou Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores e organizador da comitiva.

Viagem a Washington

A delegação é composta por oito senadores:

  • Nelsinho Trad (PSD-MS)
  • Tereza Cristina (PP-MS)
  • Jaques Wagner (PT-BA)
  • Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
  • Rogério Carvalho (PT-SE)
  • Carlos Viana (Podemos-MG)
  • Fernando Farias (MDB-AL)
  • Esperidião Amin (PP-SC)

Na terça-feira (29), os parlamentares brasileiros ainda se reúnem com congressistas norte-americanos. A agenda inclui reuniões com parlamentares, empresários, especialistas em comércio internacional e representantes de organismos multilaterais.

Eles têm destacado o foco em reabrir canais de diálogo e defender os setores produtivos brasileiros. O grupo terá compromissos em Washington até quarta-feira (30).

Já a alíquota é maior do que a aplicada à União Europeia — que chegou no último domingo (27) a um acordo de 15% — e do que a tarifa global, que pode atingir até 20%. O governo dos EUA confirmou que a taxação entrará em vigor ainda esta semana, no dia 1º de agosto.

Entenda o acordo comercial entre EUA e UE

Donald Trump e Ursula von der Leyen anunciaram um acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia no domingo (27), estabelecendo uma tarifa geral de 15% sobre produtos europeus.

O anúncio ocorreu após reunião realizada na Escócia, onde foram definidos os principais termos do acordo.

A nova tarifa representa uma redução significativa em relação à ameaça anterior de 30% sobre produtos da UE. A medida também beneficia o setor automotivo, que terá redução da tarifa de 27,5% para 15%.

No entanto, as tarifas sobre aço e alumínio permanecerão em 50%.

O acordo inclui compromissos substanciais por parte da União Europeia, que se comprometeu a investir US$ 600 bilhões adicionais na economia americana e a comprar US$ 750 bilhões em energia dos Estados Unidos. Além disso, o bloco europeu concordou em adquirir equipamentos militares americanos.

As decisões sobre tarifas de semicondutores ainda estão pendentes e devem ser anunciadas nas próximas duas semanas, segundo o secretário de Comércio norte-americano, Howard Ludtnick.

O comércio entre Estados Unidos e União Europeia representa um terço do comércio internacional, com uma corrente comercial próxima a US$ 2 trilhões em 2024.

Até o momento, a economia dos EUA tem se mostrado resiliente às tarifas já aplicadas, mas especialistas preveem possíveis pressões inflacionárias com o novo acordo.

Com o esgotamento dos estoques de produtos importados com valores anteriores às tarifas, analistas esperam um impacto mais significativo nos preços ao consumidor norte-americano nos próximos meses.

Em junho, o núcleo do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) já registrou inflação de 2,9%, com pressão principalmente em setores como vestuário e utensílios domésticos.

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