Brasil articula fundo climático de R$ 20 bi com apoio do BNDES

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em negociações com investidores globais, incluindo a TPG e a Brookfield, para levantar R$ 20 bilhões destinados a projetos com foco climático, num movimento que intensifica a agenda de finanças verdes do país às vésperas da COP30, que o Brasil sediará em novembro.

Liderada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a iniciativa é a mais recente tentativa do governo para atrair mais capital privado para a agenda climática da maior economia da América Latina em meio a seu quadro de restrição orçamentária.

“Junto com o BNDES, estamos conversando com alguns dos maiores gestores de ativos do mundo, como Brookfield, TPG e outros que podem ser parceiros nos fundos”, disse à Reuters Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

Segundo duas fontes com conhecimento do assunto, que pediram anonimato devido ao caráter confidencial dos preparativos, o plano deve ser oficialmente lançado em agosto com uma chamada pública para investimento na qual o BNDES aportar R$ 5 bilhões.

Antes disso, o BNDES tem conduzido conversas preliminares com dezenas de investidores nacionais e estrangeiros para sondar o interesse na iniciativa. Os gestores selecionados deverão captar o triplo do valor comprometido pelo banco, elevando o montante total a 20 bilhões de reais, afirmaram as fontes.

O BNDES não respondeu a um pedido de comentário.

Brookfield e TPG estão entre os maiores investidores em empresas e projetos voltados à transição para uma economia de baixo carbono, e ambos atuam em parceria com a Alterra, maior fundo privado do mundo focado em investimentos climáticos.

Lançada durante a COP28 em Dubai, em 2023, com um compromisso inicial de US$30 bilhões do governo dos Emirados Árabes Unidos, a Alterra tem fundos geridos tanto pela Brookfield quanto pela TPG, que podem investir em países como o Brasil.

Outras gestoras procuradas pelo BNDES incluem a BlackRock, maior do mundo com mais de US$12 trilhões em ativos, a Just Climate, voltada a investimentos de impacto, a Lightrock, de private equity em crescimento, e gestoras locais como Patria, Vinci e Perfin.

Todas declinaram comentar.

O esforço para atrair capital privado ocorre em um contexto de recuos no financiamento ao desenvolvimento por parte de países ricos, incluindo a gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cético em relação à agenda climática, como parte de uma resistência mais ampla a iniciativas internacionais de sustentabilidade.

Outras ações já adotadas pelo Brasil incluem a emissão de títulos soberanos vinculados à agenda de sustentabilidade e o programa Eco Invest, que busca reduzir riscos cambiais e facilitar a entrada do setor privado em projetos verdes mesclando capital público e privado.

No ano passado, o governo também lançou sua Plataforma de Investimentos na Transformação Climática e Ecológica (BIP, na sigla em inglês), voltada a conectar investidores a projetos em áreas como conservação florestal, descarbonização da indústria pesada e armazenamento de energia.

Segundo uma das fontes, os recursos captados na nova chamada de capital do BNDES não estarão restritos a setores emergentes, podendo também apoiar áreas mais consolidadas como energia eólica e solar.

O banco espera receber propostas de gestores de ativos até o fim de outubro. A seleção final deve ocorrer no primeiro trimestre de 2026, com o capital disponível para aplicação até o fim do primeiro semestre, acrescentou a fonte.

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