Outro ponto levantado pelo especialista enfatiza que o consumo de informação acelerada pode ocasionar um fenômeno conhecido como sobrecarga cognitiva, resultado do alto volume de informações excedidas pelo sistema de memória cerebral.
Ainda durante a observação, Pearce analisou 24 estudos sobre o consumo de conteúdos em reprodução acelerada. Para isso, os testes compararam dois diferentes grupos: um onde os participantes assistiram a vídeos na velocidade normal e outros que viram o mesmo material em velocidades maiores (1.25x, 1.5x, 2x e 2.5x).
Em outra etapa do projeto, os voluntários foram submetidos a testes de múltipla escolha ou perguntas de memorização após a exibição.
As evidências obtidas no estudo revelam que consumir conteúdos em velocidade aumentada comprometeu os resultados das respostas. “Para colocar isso em contexto, se a pontuação média de um grupo de estudantes fosse de 75%, com uma variação típica de 20 pontos percentuais para mais ou para menos, então aumentar a velocidade de reprodução para 1,5x reduziria o resultado médio em 2 pontos percentuais. E aumentar para 2,5x levaria a uma perda média de 17 pontos percentuais”, explica Pearce.
O que esperar do futuro?
O pesquisador adverte, no entanto, que apesar dos indícios, não é possível precisar as consequências do consumo permanente de vídeos acelerados. Sobretudo sobre eventuais danos ao cérebro ao longo dos anos. “Em teoria, esses efeitos poderiam ser positivos, como uma melhor capacidade de lidar com a carga cognitiva aumentada. Ou poderiam ser negativos, como maior fadiga mental resultante dessa carga cognitiva aumentada, mas atualmente não temos evidências científicas para responder a essa questão”, afirma.
Ele pontua ainda que esse padrão de consumo pode afetar não apenas o estímulo como a forma de absorver os conteúdos. “A reprodução acelerada se tornou popular, então talvez, quando as pessoas se acostumarem com isso, tudo bem — com sorte, vamos entender melhor esses processos nos próximos anos”, reflete Pearce.