Venezuela investiga El Salvador por tortura contra detentos

A Venezuela anunciou que abrirá uma investigação formal contra várias autoridades salvadorenhas, incluindo o presidente Nayib Bukele, por supostos abusos cometidos contra migrantes venezuelanos deportados dos Estados Unidos.

Cerca de 252 venezuelanos, que haviam sido presos na notória prisão Cecot em março após serem deportados, foram libertados e retornaram ao seu país de origem na última sexta-feira (18), em troca de 10 cidadãos norte-americanos e dezenas de prisioneiros políticos venezuelanos, segundo autoridades dos EUA.

Anteriormente, a Venezuela acusou El Salvador de sequestrar os detentos após um acordo com os EUA para mantê-los sob custódia.

El Salvador alegou que os detidos tinham vínculos com a quadrilha venezuelana Tren de Aragua, mas advogados de imigração, ativistas e familiares contestaram essa versão, afirmando em muitos casos que os detidos não tinham antecedentes criminais.

 

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, realizou uma coletiva de imprensa para abordar os supostos maus-tratos, exibindo trechos editados de vídeos nos quais alguns detentos relatam suas experiências na prisão.

Saab afirmou que as autoridades reuniram 123 denúncias de abusos, incluindo relatos de agressões sexuais, tortura e espancamentos por parte de guardas prisionais salvadorenhos.

Em um dos vídeos, um homem afirma ter sido abusado sexualmente.

Em outro, diversos detentos que dizem ter sido espancados e alvejados com balas de borracha e spray de pimenta mostram o que parecem ser hematomas e cicatrizes por todo o corpo.

A CNN não pôde verificar de forma independente a gravidade dos ferimentos, quando eles ocorreram ou se os homens estavam falando sob coerção. A rede entrou em contato com a presidência de El Salvador para comentar o caso.

No passado, a administração Bukele afirmou que respeita os direitos humanos dos detentos “sem distinção de nacionalidade” e que o sistema prisional do país atende aos padrões de segurança e ordem.

A Venezuela também já enfrentou acusações de abuso em suas prisões, mas o governo diz que respeita os direitos dos detentos.

Os migrantes libertados ainda não foram reunidos com suas famílias na Venezuela. As autoridades informaram que eles estão passando por exames de saúde, verificação migratória e antecedentes criminais, entre outros procedimentos, um processo de rotina para deportados que retornam ao país.

Dois parentes dos ex-detentos disseram à CNN que ainda aguardam que as autoridades venezuelanas façam a entrega oficial dos familiares.

Uma das parentes disse que seu sobrinho poderia ser entregue hoje. A CNN não teve acesso a nenhum dos venezuelanos libertados.

Segundo o presidente venezuelano Nicolás Maduro, os migrantes chegaram ao Aeroporto Internacional Simón Bolívar, próximo a Caracas, em dois voos que partiram de El Salvador.

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