Setores veem negociação com Trump ainda mais difícil após operação da PF

Representantes de setores da economia brasileira consultados pela CNN nesta sexta-feira (18) avaliam que a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dificulta ainda mais as negociações do país com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre tarifas.

Na carta em que anunciou a taxação do Brasil em 50%, Trump disse que o julgamento de Bolsonaro “não deveria estar acontecendo” e classificou o processo como uma “vergonha internacional”. Na noite da quinta-feira (17), voltou a endereçar carta em defesa ao ex-presidente brasileiro.

Um executivo do setor de café, que comentou sob a condição de anonimato, destacou que o tensionamento da discussão política tira espaço para o debate técnico que precisa haver entre os lados. Segundo ele, o Brasil precisa “fugir de temas sensíveis” para viabilizar qualquer solução.

A avaliação é a mesma de Aluisio Sobreira, diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) — que reúne relevantes empresas e entidades do agro à indústria e comércio no país. Segundo Sobreira, o Brasil precisa buscar convergir com os Estados Unidos para tentar reverter as tarifas de 50% até 1º de agosto.

“O tempo da ação [operação desta sexta] poderia prejudicar as negociações, mas desde o anúncio do tarifaço eu acredito ainda que possa haver uma resolução positiva. Não é o momento de afrontar o presidente Trump, pois o comportamento dele é sabido por todos. O posicionamento que eu acredito que deve ser adotado é o de reduzir os canais de tensão”, declarou.

Já um empresário do setor de proteína animal, que também falou sob reserva, pontuou que a “elevação do nível de retórica política não é bom para ninguém”. Os segmentos de café e carne bovina estão entre aqueles que seriam mais impactados caso as tarifas passem a valer em 1º de agosto.

A operação da PF realizada na sexta contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também levou à manifestação de parlamentares ligados aos setores produtivos.

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR), disse à CNN que “sem dúvidas” as negociações ficam mais complicadas após a operação. “Torna ainda mais difícil a relação com os Estados Unidos”, afirmou.

Já o presidente da Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), Domingos Sávio (PL-MG), destaca que o Brasil pode sofrer até mais retaliações da Casa Branca ou provocar medidas de outros players relevantes no comércio internacional.

“[A operação] coloca o Brasil em sério risco e poderá levar o país a sofrer ainda mais sanções comerciais dos EUA e até da União Europeia”, declarou à CNN.

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