O delegado da PF (Polícia Federal) Tomas de Almeida Vianna descobriu durante depoimento como testemunha no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (15) que é investigado pelo Ministério Público.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Vianna é alvo de uma investigação que apura a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na tentativa de dificultar o voto de eleitores supostamente contrários a Jair Bolsonaro durante as eleições de 2022.
Vianna foi arrolado como testemunha do ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF Fernando de Sousa Oliveira. Ele é réu no núcleo 2 da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.
Ao ser chamado para falar, a PGR solicitou a retirada da testemunha para preservar o direito de Vianna de não se autoincriminar, mesmo que ele ainda não tenha sido indiciado.
Diante da intervenção, Vianna afirmou que sempre prestou depoimentos na condição de colaborador e que não sabia que era investigado. O delegado pediu para que pudesse se abster de responder questões que poderiam configurar autoincriminação, o que foi concedido.
Vianna tinha o direito de ficar em silêncio, mas decidiu responder parte das perguntas.
À época das eleições de 2022, Vianna era coordenador-geral de inteligência do Ministério da Justiça.
Era diretamente subordinado a Marília Ferreira de Alencar, delegada da PF, ex-diretora de Inteligência do MJ e também réu no núcleo 2 da trama golpista.
Vianna relatou nuca ter tido nenhum problema com a chefia. Disse ainda que não presenciou nenhuma ação ou ordem que pudesse fugir no escopo legal de atuação da coordenação.
Também firmou nunca ter recebido ordens do ex-ministro Anderson Torres para direcionar as ações das forças de segurança da partir da inclinação politica de cada estado.
Outro caso semelhante
Em maio, durante a audiência de testemunhas do núcleo 1 do plano de golpe, um outro delegado da PF descobriu na oitiva que estava sendo investigado pela PGR.
Caio Rodrigo Pelim era investigado no inquérito que apura a realização de blitze no segundo turno das eleições, que teriam como objetivo dificultar o acesso de eleitores do Nordeste às sessões de votação.
Pelim foi arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e, logo no início da oitiva, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, alertou que ele era alvo de outro inquérito.
“Me causa um pouco de surpresa”, afirmou Pelim. “Eu fui ouvido como depoente e desconheço qualquer investigação contra minha pessoa”, acrescentou.
Ele não utilizou do direito ao silêncio e respondeu somente a perguntas que não o auto incriminariam.